quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Eu vou te encontrar.

Quando eu te achasse, eu iria te perguntar: "Por onde você andou todos esses anos?
Aonde você estava quando eu fiquei caida no chão em meio aos cacos do meu coração, pensando que nunca iria me recompor novamente? Aonde você estava quando eu pensava que não teria forças pra continuar? Você sabe, teria sido mais fácil se você tivesse me encontrado nesses momentos. Eu simplesmente teria me curado e seria feliz pro resto da minha vida.
Porque você demorou tanto pra me deixar te achar? Porque me deixou perdida nos caminhos que seguia em vão, procurando sem parar por algo que eu nunca encontrava, não importava o quanto eu tentasse? Porque não me deu um sinal? Deixou algo caido no chão, que me lembrasse você, só para eu saber que estava no caminho certo? Teria economizado tempo para nos encontrarmos depois de tanto tempo. Não teriamos perdido tanto tempo em becos e bares nos embriagando para fingir que estava tudo bem. Pra que esse tempo? Porque não antes?"
E você me olharia com aquele sorriso que me deixa besta e falaria: Porque eu estava me preparando para ser tudo pra você, e deixando você se preparar também. Agora eu não tenho mais dúvidas de que isso não vai acabar. Tantas pessoas passaram, mas você sempre estava aqui.
Eu te olharia indignada e falaria: Não permita que eu me perca em outro caminho agora.
Você fecharia os olhos e sorriria: Você não vai mais se perder, porque se perdeu tanto que aprendeu cada um dos caminhos pelo qual andou. E os novos caminhos que virão, iremos explorar juntos.
Iria abrir aquele sorriso que você gosta, e forçar a minha vista, fechando bem de leve os olhos: Eu falei que iria te encontrar.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Longe.

Porque será que quando nos apaixonamos por alguém nossas vidas mudam tanto?
O olhar fica diferente, as expressões da boca mudam, até a ruguinha do lado do olho aumenta, de tanto sorrir.
Você começa a enxergar as coisas de um modo diferente, mais colorido, mais brilhante, mais intenso e quando você se dá conta, já está perdendo a pessoa que você tanto quer pra você.
Por que?
Porque você começa a pensar que essa pessoa é exclusiva sua; porque você a deseja tanto pra você que acaba se esquecendo de si próprio e passa a viver uma vida junto — esquecendo que o amor tem que ser vivido junto, em vidas separadas.
Então você cai. Acha que não encontrará mais forças. Chora, implora pra esquecer.
E no final você apenas ganha mais uma, entre as tantas cicatrizes de amor em seu coração — e até para alguns fracos demais, umas cicatrizes novas no corpo.

Você começa a entender o real sentido de amar, começa a ver claramente a forma de separar as coisas, mas chega a conclusão de que para se ter um relacionamento com tanto amor, é preciso estar completamente focada e estável em sua própria vida.
Porque caso contrário, você se doará de novo, completamente e se esquecerá de se olhar no espelho de novo.
Cicatrizes nos lembram do quão perigoso pode ser o amor, e talvez por ter medo de ganhar umas novas no corpo... você se impede de sentir a coisa mais linda do mundo e você se torna tão vazio, que somente outro vazio pode aguentar essa sua dor.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Segura pra mim.

Hoje quando acordei, abri a janela e me arrumei imaginando o dia quente que ia ser hoje. Mas o céu me enganou. Choveu o dia inteiro. Alias, ta caindo uma tempestade daquelas que aparecem no jornal da noite falando que morros despencaram e rios transbordaram. E o céu ter me enganado me deu vontade de chorar. Chorar na mesma intensidade da chuva que batia na janela do meu quarto. Eu que sempre fui durão e não chorava por nada. Eu que sempre tive fama de insensivel e coração de pedra. Hoje em dia ando tão sensivel que me da vontade de chorar só de ver casais dividindo um guarda-chuva no meio da rua. Odeio essa gente que tem prazer, mesmo inconsientemente, em esfregar na minha cara a minha solidão e o fato de eu não ter alguem nem pra segurar a porra de um guarda-chuva pra mim. Passam todos por mim, como lembretes, se ja não bastasse esse pulso oco que eu trago dentro de mim, me lembrando a cada passo que eu estou sozinho, cada rosto na rua me deixa mais ainda na duvida se um dia vou conseguir ser bom o suficiente pra alguem conseguir segurar o guarda-chuva pra mim. E eu ando tão sensivel que fico nervoso por querer ser uma pessoa melhor, me arrumar melhor, me tornar melhor pra alguem que nem sabe da minha existência e que nem esta me esperando. E eu sempre termino meus dias sentado na sala, esperando com a minha melhor roupa e meu melhor perfume por um alguem que nunca chega. E isso, acima de todas as outras coisas, me da vontade de chorar. Esperar por alguem que você nem conhece e nem sabe se vai chegar é pior do que saber que ninguem vem. A certeza de estar sozinho é melhor do que a quase conformidade de saber que o mundo virou as costas e esqueceu da sua existência. Mas eu vou continuar com a minha melhor roupa, o meu melhor perfume, e vou engolir o choro mais uma vez. Eu não posso estar com a cara inxada ou mal arrumado quando aquele que eu esperei tanto tempo me encontrar, vai que ele resolve fugir ao perceber o quanto eu dependo de alguem pra andar na chuva, segurando o guarda-chuva pra mim.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Confiança

Como posso confiar em uma coisa tão...
Quero dizer, se alguém virasse pra você e falasse: Hey, entra nessa caverna, confia em mim. Vai ser ótimo pra você.
Você para na frente da entrada da caverna e você vê só escuridão, ouve barulhos assustadores.
Como você vai entrar lá, se o que você vê é o oposto do que ele diz ser?
A confiança começa intacta, até que aos poucos ela vai se destruindo.
Você começa a pensar se acredita mesmo, mas não porque não quer acreditar — afinal tudo o que você mais quer é confiar.
Mas como confiar em algo que parece ser o oposto do que se demonstra?