quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Longe.

Porque será que quando nos apaixonamos por alguém nossas vidas mudam tanto?
O olhar fica diferente, as expressões da boca mudam, até a ruguinha do lado do olho aumenta, de tanto sorrir.
Você começa a enxergar as coisas de um modo diferente, mais colorido, mais brilhante, mais intenso e quando você se dá conta, já está perdendo a pessoa que você tanto quer pra você.
Por que?
Porque você começa a pensar que essa pessoa é exclusiva sua; porque você a deseja tanto pra você que acaba se esquecendo de si próprio e passa a viver uma vida junto — esquecendo que o amor tem que ser vivido junto, em vidas separadas.
Então você cai. Acha que não encontrará mais forças. Chora, implora pra esquecer.
E no final você apenas ganha mais uma, entre as tantas cicatrizes de amor em seu coração — e até para alguns fracos demais, umas cicatrizes novas no corpo.

Você começa a entender o real sentido de amar, começa a ver claramente a forma de separar as coisas, mas chega a conclusão de que para se ter um relacionamento com tanto amor, é preciso estar completamente focada e estável em sua própria vida.
Porque caso contrário, você se doará de novo, completamente e se esquecerá de se olhar no espelho de novo.
Cicatrizes nos lembram do quão perigoso pode ser o amor, e talvez por ter medo de ganhar umas novas no corpo... você se impede de sentir a coisa mais linda do mundo e você se torna tão vazio, que somente outro vazio pode aguentar essa sua dor.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Segura pra mim.

Hoje quando acordei, abri a janela e me arrumei imaginando o dia quente que ia ser hoje. Mas o céu me enganou. Choveu o dia inteiro. Alias, ta caindo uma tempestade daquelas que aparecem no jornal da noite falando que morros despencaram e rios transbordaram. E o céu ter me enganado me deu vontade de chorar. Chorar na mesma intensidade da chuva que batia na janela do meu quarto. Eu que sempre fui durão e não chorava por nada. Eu que sempre tive fama de insensivel e coração de pedra. Hoje em dia ando tão sensivel que me da vontade de chorar só de ver casais dividindo um guarda-chuva no meio da rua. Odeio essa gente que tem prazer, mesmo inconsientemente, em esfregar na minha cara a minha solidão e o fato de eu não ter alguem nem pra segurar a porra de um guarda-chuva pra mim. Passam todos por mim, como lembretes, se ja não bastasse esse pulso oco que eu trago dentro de mim, me lembrando a cada passo que eu estou sozinho, cada rosto na rua me deixa mais ainda na duvida se um dia vou conseguir ser bom o suficiente pra alguem conseguir segurar o guarda-chuva pra mim. E eu ando tão sensivel que fico nervoso por querer ser uma pessoa melhor, me arrumar melhor, me tornar melhor pra alguem que nem sabe da minha existência e que nem esta me esperando. E eu sempre termino meus dias sentado na sala, esperando com a minha melhor roupa e meu melhor perfume por um alguem que nunca chega. E isso, acima de todas as outras coisas, me da vontade de chorar. Esperar por alguem que você nem conhece e nem sabe se vai chegar é pior do que saber que ninguem vem. A certeza de estar sozinho é melhor do que a quase conformidade de saber que o mundo virou as costas e esqueceu da sua existência. Mas eu vou continuar com a minha melhor roupa, o meu melhor perfume, e vou engolir o choro mais uma vez. Eu não posso estar com a cara inxada ou mal arrumado quando aquele que eu esperei tanto tempo me encontrar, vai que ele resolve fugir ao perceber o quanto eu dependo de alguem pra andar na chuva, segurando o guarda-chuva pra mim.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Confiança

Como posso confiar em uma coisa tão...
Quero dizer, se alguém virasse pra você e falasse: Hey, entra nessa caverna, confia em mim. Vai ser ótimo pra você.
Você para na frente da entrada da caverna e você vê só escuridão, ouve barulhos assustadores.
Como você vai entrar lá, se o que você vê é o oposto do que ele diz ser?
A confiança começa intacta, até que aos poucos ela vai se destruindo.
Você começa a pensar se acredita mesmo, mas não porque não quer acreditar — afinal tudo o que você mais quer é confiar.
Mas como confiar em algo que parece ser o oposto do que se demonstra?